Origem
O Tai Chi Chuan surgiu na China, entre os séculos
VIII e XIII, como uma arte marcial derivada do Kung Fu, praticada no
templo budista de Shaolin. Depois que saiu do templo, a prática evoluiu
em várias direções. Ainda hoje se encontram resquícios da arte marcial
presentes na forma de competições de luta de Tai Chi Chuan, mas o ramo
que mais se desenvolveu foi a prática como atividade física para a
saúde, que incorporou conceitos da filosofia, da medicina e de outras
ginásticas e práticas terapêuticas chinesas.
Conceito
O Tai Chi
Chuan é uma prática física que busca o equilíbrio entre mente, corpo e
espírito. É uma ginástica marcial realizada com a mente concentrada no
ritmo contínuo do corpo, baseada em movimentos lentos, relaxamento e
respiração abdominal profunda, que capacita meditar durante a prática.
Combina movimentos difíceis e ordinários, suaves e tensos, permitindo
que o praticante se sinta confortável, relaxado e feliz. As formas são
encadeadas, ininterruptas e a mente se concentra na coordenação da
respiração com os movimentos realizados pelos membros superiores e
inferiores em torno do eixo corporal da coluna vertebral. Imaginar estar
diante de um oponente estabelece o aspecto marcial da prática, onde o
círculo é a figura geométrica que serve de inspiração para os
movimentos.
Histórico
Em toda a China, milhares de homens, mulheres e crianças de todas as idades se juntam nos parques das cidades todas as manhãs, bem cedo, para praticar a arte do Tai Chi Chuan, com o objetivo de melhorar sua forma física e mental. No ano de 1956 o Ministro Nacional de Desporto de China, utilizou as posturas do Tai Chi Chuan do Mestre Yang Chengfu como um modelo para criar as formas simplificadas de 24 posturas e de 88 posturas de Tai Chi Chuan, que tiveram um papel muito importante para o desenvolvimento da prática dentro e fora da China. No Brasil, diversos cursos livres, escolas e academias orientam a prática, que utilizada pelo naturólogo pode ser uma importante opção para proporcionar saúde, equilíbrio e bem estar.
Formas de atuação
Em termos da saúde músculo esquelética, a prática do tai chi chuan atua no sentido de obter o maior resultado a partir do menor esforço, o que evita uma hipertrofia muscular e promove o aumento do número de fibras musculares. E, na medida em que a força dos músculos aumenta, a força dos tendões e ligamentos aumenta na interface músculo-osso. Os ossos se tornam mais fortes sem que se imponha qualquer sobrecarga que exceda a capacidade metabólica do músculo. Em termos energéticos, as posturas e movimentos do tai chi chuan estimulam e desbloqueiam do fluxo energia de cada um dos meridianos.
Benefícios e contra-indicações
Os efeitos benéficos do Tai Chi Chuan têm sido
investigados em estudos publicados no ocidente e no oriente, que avaliam
a prática tanto do ponto de vista físico, quanto psicológico,
demonstrando que embora seja um tipo de exercício de baixa velocidade, a
prática melhora a saúde física, além de aliviar os estados depressivos.
Em relação à função cardiovascular e pressão arterial a prática tem
demonstrado produzir efeitos favoráveis tanto na capacidade de trabalho
quanto na hemodinâmica cardíaca. Também as alterações da respiração
verificadas durante a prática dos exercícios sugerem melhora na função
respiratória, assim como a força dos músculos extensores e flexores dos
joelhos denotam a melhora na força muscular. A prática também leva a
ganho em força, coordenação e flexibilidade e é um exercício seguro para
os praticantes com artrite reumatóide. Os movimentos do Tai Chi Chuan
satisfazem as regras básicas de reabilitação para pacientes idosos: são
fáceis de aprender, requerem o uso das articulações maiores do corpo,
servindo como uma atividade de baixo impacto e baixo risco, capaz de
promover melhora na auto-eficácia, qualidade de vida e mobilidade
funcional.
Entre os benefícios psicológicos que a prática pode
proporcionar, podemos ressaltar o aumento da percepção do corpo e de
diferentes aspectos do bem-estar, redução do estresse, sensação de vigor
e força, melhor coordenação e equilíbrio, diminuição da ansiedade e
percepção da dor, aumento da atenção, da confiança e do relaxamento,
melhor concentração, desempenho mental e senso de realização. De acordo
a uma pesquisa médica publicada em 1986, a prática do Tai Chi Chuan
gera um sentido de paz interior, na medida em que nos concentramos nos
movimentos sem nos distrairmos, e os movimentos suaves e fluídos, fazem
com que a mente e os músculos relaxem, promovendo a flexibilidade.
Contra-indicações
Embora a maior parte dos estudos demonstre os benefícios do Tai Chi Chuan, a prática pode ser contra-indicada em indivíduos com diagnóstico de angina, arritmia ventricular ou ambos. Assim é necessária avaliação inicial para determinar a tolerância do indivíduo cardiopata ao exercício e outras possíveis contra-indicações.
Ref. Bibliográficas:
Tai Chi Chuan – a arte marcial da longa vida, Catherine Despeux, Editora Pensamento
Tai Chi Chuan para a saúde, Editora Pensamento, São Paulo, 1989.
Exercícios chineses para a saúde – a antiga arte do Tsa Fu Pei, Dr. Cho Ta Hung, Editora Pensamento
Tai Chi Chuan – por uma vida longa e saudável, Roque Enrique Severino, Editora Ícone
Autor: Kátia de Arantes Leite
Formada em Naturologia pela Universidade Anhembi Morumbi.